12 de janeiro de 2011

Crítica: A milímetros da loucura.

fonte: O Café (Gustavo Saul)


Sete funcionários de uma empresa de telemarketing expõem os seus sonhos, anseios e devaneios. Ao mesmo tempo que sofrem a pressão de uma exigência ferrenha, procuram, como forma de fugir da cruel realidade, encontrar um universo onde possam sonhar e dar vazão a todos os seus desejos suprimidos em um mercado de trabalho cinza e impessoal.
Com esse enredo, Júlio Conte construiu o espetáculo A Milímetros de Mercúrio. O título é uma analogia ao metal mercúrio, que em contato com o corpo humano, pode causar inúmeros sintomas, de gengivite até a morte. Analogia essa que seria transposta para o ambiente profissional dos sete personagens, que sofrem toda a pressão de um mundo objetivo que exige resultados imediatos e eficácia.
Totalmente elaborado a partir de improvisações e experiências pessoais, a peça atinge um nível de sensibilidade acima do esperado de atores que na sua grande maioria, são iniciantes. A trilha sonora, muito bem escolhida e pontuada, serve também como força motriz, propondo um diálogo com cada personagem e servindo muitas vezes como um contraponto. A iluminação de Gabriel Lagoas é sublime, propondo e acrescentando novos elementos ao espetáculo, com destaque para a cena final, onde os personagens, inundados de mercúrios, padecem até o suspiro final.
Mais um belíssimo acerto de Júlio Conte e a Cômica Cultural, que já lançou Pílula de Vatapá, Dançarei sob teu cadáver e Larissa não mora mais aqui, a última um enorme sucesso de crítica e público.

DIREÇÃO: Júlio Conte
ASSISTENTE DE DIREÇÃO: Catharina Cecato Conte
ILUMINAÇÃO: Gabriel Lagoas

ELENCO: Alessandro Peres, Gisela Sparremberger, Guega Peixoto, Fabrizio Gorziza, Duda Paiva, Vanessa Cassali e Jordan Martini

REALIZAÇÃO: Cômica Cultural

Nenhum comentário:

Postar um comentário